As práticas de pintura que usam o solo como pigmento natural, existem desde os primórdios da humanidade e seguem até os dias de hoje, sendo largamente utilizadas nos mais variados locais e sobretudo no ambiente rural.
O homem pré histórico já registrava cenas do seu dia-a-dia nas paredes das cavernas. As pinturas rupestres da idade da pedra eram feitas utilizando a terra, o carvão, a seiva de plantas e até o sangue dos animais caçados.
Os índios brasileiros utilizam diversos pigmentos naturais para pintar seus corpos e artefatos. Dentre eles estão o urucum, de cuja semente extraem o vermelho, do jenipapo que produzem os tons de azul, o carvão para a cor negra e a terra para tons de amarelo.
Pigmento é o componente que dá cor a tudo o que conhecemos e é o que dá a infinidade de cores que encontramos na terra. Cores e tons que decorrem da composição de diferentes minerais próprios a cada região, e cada mineral possui um pigmento próprio que lhe confere sua cor característica, como por exemplo o óxido de ferro com seus incontáveis tons de amarelos e vermelhos, o cobre o com seu verde, o manganês com seu marrom, o cobalto com seus azuis…
O resgate das técnicas de pinturas feitas com terra usando solos como pigmentos já permitiu, só aqui no Brasil; a catalogação de mais de 40 cores básicas, que podem ser inclusive misturadas entre si, resultando numa infinidade de cores e tons.
A releitura desse conhecimento tradicional e popular vem colocando em evidência o valor dos aglutinantes e impermeabilizantes naturais feito a partir do cactos de palma ou mesmo do que é feito com a cola de amido - conhecida como "grude" (usada em papagaios e pipas), que fazem com que a pintura fique resistente à água e se fixe muito bem nas paredes, impedindo que a tinta se solte, como acontecia antigamente, grudando em roupas ou no corpo após estar aplicada.
No quesito impermeabilização a opção de menor custo para produção das tintas ecológicas é a receita que usa a mistura de argila e a “baba de cactos” de palma, planta originária do nordeste do Brasil, muito comum na Caatinga e no Serrado, mas que pode ser facilmente encontrada em todo lugar, até mesmo aí mesmo no seu quintal ou na sua vizinhança.
As tintas a base de terra podem ser aplicadas em interiores e exteriores, e podem inclusive ser utilizadas em pinturas artísticas, telas, quadros, madeira, cerâmica e em artesanatos em geral. O ideal é que a superfície esteja o mais natural possível.
A principal vantagem dessas tintas está no preço, já que uma lata de 18 Lts de tinta industrializada sai por cerca de R$200,00, a tinta artesanal feita com a cola pronta sai por cerca de R$25,00 a R$30,00. O que já é por si só, um baita incentivo.
Mas o recorde de economia mesmo é o da receita que leva a baba de cactos, que tem um custo total de R$0,00!!!
Vale ou não vale a pena?!
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Um comentário:
Adorei os posts sobre as tintas naturais! Sou educadora e já imaginei infinitas possibilidades de artes com os pequenos! Onde posso encontrar pigmento em pó natural? Onde você costuma comprar? Obrigada! Carol Hepe
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